terça-feira, 17 de setembro de 2013

Artefato

Noites com nevoeiro são perturbadoras em qualquer lugar. Mas no bairro de Marsilac elas têm sempre uma pitada a mais de horripilante. O lugarejo fica numa área de preservação ambiental no extremo sul da capital paulista, já vizinha do litoral. A mata atlântica permanece intocada. Além de tudo, está localizada entre duas represas, a Guarapiranga e a Billings, o que contribui para que a região seja mais nebulosa ainda, devido aos vapores constantes.
Mas de forma especial, nesse dia em que Alexandre voltava da faculdade, quase não se conseguia ver um braço a frente dos olhos. O professor tinha segurado a turma um pouco mais, e sendo a instituição localizada mais ao centro da cidade, já passava muito da meia-noite quando chegou a Marsilac.
Alexandre orientava-se apenas pelos postes escassos nas laterais das ruas, e sabia que faltavam umas quatro quadras para chegar a sua residência porque já havia passado pelo prédio da escola municipal. Porém avistou uma silhueta estranha alguns metros à frente. Estacou, temeroso de que se tratasse de algum assaltante, mas no mesmo instante achou prudente continuar caminhando normalmente, pois em caso de ser bandido, ficar parado poderia denunciar uma falsa afronta.
Quanto mais se aproximava, percebia que não se tratava de um contorno humano. Tinha um formato ogival, e um aspecto de ser feito de metal. Tratava-se de um artefato de cor escura, próxima ao chumbo. Alexandre deu de cara com uma escultura bizarra. Nela havia inscrições muito estranhas, que se assemelhavam a desenhos. De inicio imaginou se tratar de ideogramas japoneses, mas os caracteres presentes ali eram mais elaborados, com formas mais triangulares.
O troço, ao ser tocado, dava a sensação de ter sido esculpido em alguma rocha desconhecida, porém, a perfeição geométrica da simetria parecia impossível ao homem. Um calor aconchegante parecia emanar do objeto, e os sentidos de Alexandre começaram a ficar entorpecidos. Não sabe se foi coisa da sua cabeça, ou um fato concreto: as inscrições começaram a ficar iluminadas por uma claridade branca, que foi ficando intensa, intensa...

Apenas acordava durante poucos segundos. Acho que seria mais correto dizer que “sonhava” durante poucos segundos. Se bem que os flashs que deslumbrava nesses pequenos recortes, se encaixavam melhor na categoria dos pesadelos.
Uns robôs... na verdade coisas que não sabe dizer se seriam metálicas ou compostas de um exoesqueleto hipersólido! Era para ser um hospital! Aquilo em que estava deitado era para ser uma maca! Mas era o ar! Ele estava levitando? Não poderia dizer, por que não formulava pensamentos, não articulava raciocínio. Mas os robôs/seres com armadura fraqueavam sua maca invisível. Na verdade, sentia que a força que o mantinha no ar provinha das criaturas. E logo desfalecia novamente.
Paredes com tubulações gigantescas. Sinais luminosos neon. E ao mesmo tempo estava dentro de uma estrutura que era muito mais caverna que outra coisa. Parecia que não possuía mais organismo. Era como se sua consciência flutuasse num ponto acima do corpo. E o desmaio o abraçava novamente.
Teria tomado um choque de alta voltagem? Sido eletrocutado em um poste? Alexandre não sabia dizer. E logo outro lapso no tempo, outro corte na sequencia dos fatos. O que mais tomava espaço no seu parco quadro de percepções era uma que lhe dizia que ele estava subindo quilômetros e quilômetros. Subia ao infinito e sentia-se leve. Por imensidões de camadas atmosféricas, nada havia entre si e o chão.
Mas o pior foi a cirurgia. Um pesadelo vivido no qual estava sendo operado. Mas nem isso era certeza, porque a concepção que se tem de uma cirurgia é de que seja algo no qual coisas são tiradas do corpo. Ele estava recebendo anexos, complementos. Uma fincada de dor num ponto distante do que deveria ser seu abdome. Puxa! Por um segundo parecia ter visto sua coluna vertebral banhada em sangue! Ainda bem que era um sonho... logo iria acordar. Desmaio.

Era um outro continente. Outro país. Mas não parecia nem um nem outro... um céu repleto de planetas!!! Não era possível ver planetas a olho nu... e eles estavam praticamente dentro da atmosfera, vindo, adentrando...visão horrenda! Pesadelo imenso sem fim! Alexandre queria que o desmaio viesse de novo, ansiava pela inconsciência, mas estava mais desperto que nunca. Em toda sua existência não tinha tido um sonho tão nítido assim. O artefato! Tudo isso foi o artefato!
O pesadelo (?) continuava e ele estava sendo apresentado a uma multidão reunida de monstros. Criaturas com muitos olhos ou orbes vazias. Tentáculos onde deveriam existir cabelos e cabeça. E aquilo que se poderia dizer couraça ao invés de pele, crescia por cima de placas de um metal escuro e opaco, trespassada por cabos/fios que estavam em uma espécie de curto-circuito ritmado. Tudo sugeria seres inicialmente biológicos, que foram substituindo as partes necrosadas de seus organismos por outras artificiais.
A convenção era uma espécie de ritual macabro high tech. Os seres abriram suas bocas e feixes de luz subiram ao encontro dos ares, unindo-se acima de suas cabeças formando uma egrégora energética verde contra um céu rosa. Da egrégora um feixe desceu sobre sua cabeça. Se bem que de fato não era mais sua cabeça, seu corpo, seus membros... quando tentou observar seus pés, o que viu, o que viu... bem, ele só pode dar um grito de desespero, mas no lugar do grito soou uma sirene vinda de dentro de tubos sintéticos.

A notícia foi parar na TV. Vários moradores da região de Marsilac alegavam ter visto. Uma criatura bizarra rondando a região. E parecia mostrar especial interesse por uma rua em particular. Uma certa casa...


FIM

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Shtriga

A Shtriga (derivada da romana Strix; compare também com a romena Striga e a polaca Strzyga), segundo o folclore albanês, é uma bruxavampírica que suga o sangue dos bebês à noite enquanto dormem, e então se transforma em um inseto voador (tradicionalmente um traça,mosca ou abelha). Só a prórpia Shtriga pode curar aqueles que tinha drenado (frequentemente cuspindo em suas bocas), e aqueles que não foram curados inevitavelmente adoecem e morrem.
Edith Durham registrou vários métodos tradicionalmente considerados eficazes para se defender da Shtriga. Uma cruz feita do osso de suínospode ser colocada na entrada de uma igreja no domingo de Páscoa, tornando qualquer Shtriga que estiver lá dentro incapaz de sair. Elas poderiam então ser capturadas e mortas na soleira da porta em que tentaria em vão passar. Ela ainda registrou a história que diz que, depois de drenar o sangue de sua vítima, a Shtriga geralmente vai para dentro de uma floresta e o regurgita. Se uma moeda de prata for embebida nesse sangue regurgitado e envolvido num pano, ela se torna um amuleto que oferece proteção permanente contra qualquer Shtriga.[1]
A Shtriga é frequentemente retratada como uma mulher com cabelos pretos e longos (às vezes vestindo uma capa) e um rosto terrivelmente desfigurado. Elas se recusam a comer qualquer coisa picante ou que contenha alho.
A entidade não deve ser confundida com a Strega da bruxaria italiana.
·         O seriado de terror para TV Sobrenatural teve um episódio em que Dean acredita ter uma Shtriga atacado Sam durante a sua infância. A Shtriga só poderia ser morta por uma bala de bronze enquanto se alimentava de Spiritus Vitae, "Sopro Vital" em latim. A Shtriga se apresentava como um médico do hospital da cidade.
Trata-se do episódio 18 da primeira temporada, denominado no Brasil de Alguma Coisa Maligna (Something Wicked, no original).
·         O cantor brasileiro Raul Seixas escreveu-lhe uma música na qual Shtriga é chamada de "Senhora Dona Persona".